Em 5 de Março de 2001, nos subúrbios de San Diego, um garoto de quinze anos, chamado Charles “Andy” Williams – branco, magrelo, com jeito despretensioso, lábios finos e cabelo emaranhado feito carpete bem gasto -, levou um rifle calibre 22 na mochila para sua escola, a Santana High. Escondeu-se no banheiro dos meninos, baleou dois colegas, dali saiu para o ram, treze ficaram feridos. Depois que ele voltou a se refugiar no banheiro, a policia o encontrou encolhido no chão, com o rifle apontado para sua cabeça. Ele choramingava, de modo incoerente: “Sou só eu”; o garoto não ofereceu resistência ao ser preso. Quase nem é preciso dizer que ele tinha acabado de terminar com a namorada – de doze anos.
Curiosamente, nos noticiários da segunda-feira á noite, alguns colegas caracterizam-no da mesma forma de sempre, como um garoto “marcado”, perseguido por ser um “esquisitão, um trouxa panaca”. No entanto, um outro grupo declarou que Andy possuía diversos amigos, que não tinha nada de impopular e, especialmente, que nunca fora alvo de gozações; que ele era, ao contrário, “uma pessoa querida”. Essas últimas afirmações devem ter confundido o espectador, já que, hoje, Jim Lehrer reviu a história para mais uma avaliação do por que, por que, por que, todas as descrições pendendo para a “pessoa querida” tinham sido eliminadas. Se Andy Williams não houvesse sido vítima de intimidações na escola não poderia participar da interpretação corrente – da “vingança dos nerds” – aplicada a incidentes parecidos, onde o que importa não é um controle mais severo do uso de armas de fogo, e sim as aflições do rejeitado menor de idade.
Duvido que haja um único consumidor de notícias no país que possa lhe dizer o nome de um dos dois alunos que foram mortos por ele – adolescentes que nunca fizeram nada de errado a não ser ir ao banheiro numa manhã em que seus colegas mais sortudos resolveram segurar a bexiga até o fim da aula de geometria: Brian Zuckor e Randy Gordon. Exercendo o que só posso considerar como um dever cívico, decorei o nome de ambos.
O adolescente foi condenado em 15 de Agosto de 2002 á 50 anos de prisão, após pedir desculpas ás famílias das vítimas. Charles não explicou porque ele abriu fogo com a arma de seu pai, mas disse que se sentia “horrível sobre o que aconteceu.”.
“Se eu pudesse voltar a esse dia, eu nunca teria saído de cama”, disse.
O Ministério Público tinha pedido ao juiz para impor a pena máxima de 425 anos, dizendo que Williams tinha planejado friamente o acontecido.
O Juiz Herbert Exarhos diz que foi um ataque demoníaco, mas observou que Wiliams tinha sofrido uma vida difícil e que não tinha antecedentes criminosos.Ele foi condenado mesmo assim.
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